Emergência Poética

Kretxeu que suplica morna e que no meu coração suplica amor ardente e rijo e nostalgia de uma corda em um violão Kretxeu que na morna cantada tem a sua humildade, que eu admiro e que faz mais enlouquecida, A tua humildade e a tua voz na morna que até na contradança faz os meus batimentos lentos ficarem cada vez mais fortes Kretxeu que canta e toca morna Que mora no meu coração E que na noitinha Toca violão e canta morna E, eu na varanda desmonto de amor pela morna do meu amor Kretxeu, que fechou a expansão dos meus amores Kretxeu… Que no fim da noite na rua, Com o violão na mão, Me dá a calma, a paz, E me tranquiliza com um doce, humilde beijo feito de notas de morna

Onde foi tudo o que prometeste? Onde está a fúria do teu amor? Desapareceu? Ou encontrou outra paixão? Onde está os abraços, os beijos, As mensagens de bom dia? Onde estás? Pergunto eu Onde o “felizes para sempre” se enfiou? Onde as músicas e as poesias ao luar foram? Só sei que não estás E por onde andas nem o GPS sabe Tudo fulo no meu coração, Tudo embaraçado no sentido inverso Por um amor que me alargou em decepções

Sou uma herdeira Do que foi 50 anos Sou um pequeno amor Entre muitos outros dentro deste Sou de uma família De 50 anos Sou parte de uma educação Que reina desde 1967 Sou uma pequeníssima Alma num grande amor De 50 anos Sou palmo e meio Do que foi 50 anos Sou a história dos meus avós Sou orgulhosa dessa junção de 50 anos Que formou os meus I que continuará formando outros mais Sou um pouco de Maria Misturada com Hermínio E trago dentro de mim as lutas, As vitórias, as medalhas de 50 anos Trago a vida de uma mulher e de um homem Trago Delgado e Monteiro Em tons de ouro Sou um dos centímetros Do laço de ouro Sou parte de 50 anos em uma história de amor Parabéns pela história De 50 anos De que faço parte hoje

No fundo da esquina, Vejo um polícia, Abraçado a uma menina, Vejo um senhor alto e cansado, Contando a sua drama, Das ribeiras que um dia foram férteis No fundo da esquina, Vejo uma criança de expressão humilde e com espirito de revolta. Ainda mais no fundo, Vejo uma flor morena sendo desonrada e maltratada pelos fumadores da rua nº 3 No fundo da esquina, Vejo uma mãe nova que transporta choros, Pela menina linda que viu morrer No fundo da esquina, Existe um adolescente amargurado nas drogas e nas novas experiências terríveis que a vida lhe dá No fundo da esquina, Existe casais afogados no pecado, E, outros exuberando amor No fundo da esquina existe um mendigo Procurando uns escudos, Para o santo diabo grogue que lhe arrebenta a garganta, E lhe conforta o coração No fundo da esquina, Existe a morte Dos pensamentos lindos de uma amante das letras No fundo da esquina, Mais além, Alguém apelando-me,...

Maria, amor maior que o teu, Só o de deus. És uma árvore que germina um novo ser, Um árvore que germina mais do que uma vez, Uma árvore que germina mais mil vezes se for preciso, Uma árvore que cresce em cada jornada da vida Maria, minha avó, És capaz de doar a própria vida para nos salvar, És uma obra divina de Deus, És uma Maria que no teu peito existe rosas, És uma preciosidade, que nenhum dinheiro compra, És tudo, és a rainha da família, És lutadora e forte Diversas criaturinhas tiveste, E mais muitos outros amaste, Pois Deus te deu a honra e o dom de amar, Todos os que nos teus braços colocaste para confortarem Minha avó, minha Maria A mulher que me deu uma mãe Obrigado é muito pouco, presente não é nada, Orgulho, valor, respeito, reconhecimento e amor, São medalhas em forma de obrigação, Que tanto os filhos como os netos devemos dar-te em todas as horas E em todos momentos. Meus sinceros agradecimentos, Pela ...

Raiva, eu tenho por te amar perdidamente Raiva, eu tenho ao descobrir o quanto eu ainda te amo Raiva, eu tenho em vaguear nesse amor no meu peito Raiva, De um amor ruim Desmotivador, Que me desmonta em pedaços frios de rancor Raiva, Do tempo que não tinha raiva. Raiva, Dos meus choros inúteis E das minhas longas mensagens provando que te amava Tenho raiva de ti, Mas tenho mais raiva Ainda de mim mesma por ter balançado no balanço da ilusão Tenho raiva, Porque sou burra, E inconsciente Sou uma menina cheia de raiva, Sou um ser humano raivoso Sou uma pessoa de coração partido de amor arruinado e de esperança enterrada.

Eu olho para frente e só vejo o fim, Um desastre As flores que cuidei com tanto amor, Estão a morrer As nuvens feitas das minhas lágrimas, Querem-me afogar No meu campo de visão, Só existe preto e branco, Branco e preto Cores do meu desamparo, do meu mundo interior, Meu mundo destruído Eu olho para frente e não vejo nada Esperança? Só sei o nome Amor? Somente pela escuridão Amigos? Só as migalhas do meu pão Simplesmente, só preto e branco ao meu redor Minha multidão é somente os meus pensamentos De repente, uma saída: “Será boa ideia parar de respirar?” Sim, pois já não existe mais nada.

Será que ainda irei ver a minha terra verde como o nome? Será que ela continuará com o drama da chuva? Ou será, que um dia irá oferecer o que é necessário para a sua felicidade? Será que continuarei a ver as mães chorarem Pelo filho que embarcou para terra longe? Ou será, que continuarei a ver aquela mãe chorar O assassinato do filho mais novo? Será que continuarei a ver a ilha de São Vicente, Mergulhar no desemprego? A ilha de Santiago, Mergulhar numa constante violência? Será que continuarei a ver a ilha do Sal Sendo domesticada por brancos? Será que continuarei a ver aquele amor perdido Em terras que não são férteis, E onde o amor é completamente nulo. Será que continuarei a ver a morna, Sendo esquecida, O batuque sendo desfeito, e a contradança mergulhada na amargura da vida. Será que um dia Cabo Verde irá mudar, Será que a nossa identidade vai permanecer, Será que a chuva vai mudar tudo isto e será que um dia vou orgulhar do meu pa...

Resolvi dar férias para as dores,  Tristezas e decepções Cansei de ficar reclamando, De achar culpados para a minha angústia Resolvi mandar tudo plantar batatas e decidi Vou fazer uma festa dentro de mim! Para começar, vou para o espelho, Ensaiar o meu melhor sorriso, Retirar essas marcas da minha testa, Jogar fora essa máscara de dor, Que me acompanha Preparem-se: Eu mudei, Quero conhecer pessoas com bom astral, Pessoas como eu era, Antes da tempestade Que me derrubou abruptamente Uma decepção, um amor, Onde eu fazia tudo para agradar a pessoa que estava ao meu lado, Não fazia aquilo para não a magoar, Não usava aquela roupa, Não tinha mais aquela bela amizade com o amigo de infância, Fazia de tudo para acertar tudo, Para acertar o gosto do outro E por fim deu-se em mais uma decepção, E perdi a vontade de viver Onde eu errei? Hoje eu sei! Errei na hora de anular os meus desejos, Transferi a minha vida para as mãos de outra pessoa Q...

Ela está com medos não vêem? Ela está tremendo de medo de tudo. Ela está assustada com tudo, Até com a felicidade fácil. Ela quer fugir, Já não recebe o mesmo valor que tinha antes. Ela está infeliz, Pois ninguém entende a sua missão. A felicidade básica estava atrás de muitas portas, Mas muitos preferiram a loucura extrema. Ela está chorando, Não estão ouvindo? Ela implora por ajuda, Mas ninguém lhe ajuda. Até os sábios querem-na de volta Mas as festas querem tronar, Tudo fantasia e fazer todos esquecer a responsabilidade. Será normal um momento feliz Se tronar em algo sem respeito, Em algo sem aprendizagem, Onde ninguém quer ouvir bons conceitos. A adolescência está implorando, Por uma renovação de comportamento, Mas ninguém lhe ajuda.

Vamos sair até a esquina, Conduzir a deriva sem tempo para o amor, Conquistar só a garrafa, E deixar o copo encher por favor. Hei garçon, pode trazer o Martini, Que hoje a minha alma, Quer ser combatida com álcool. Só um copo de vodka com limão porque assim o coração não cria nenhuma ilusão. Hoje vou sair, Para beber e da esquina, Ver o Sol nascer. Hoje nada é normal, Hoje vou-me transformar em um animal, Com um pouco de whisky. Hoje vou beber até ficar na mão do homem lá no balcão. Mas não vou esquecer do meu coração, Que não pode entrar em tentação. Não vou esquecer das chaves do meu carrão, Porque essa noite nada vai ser em vão. Vamos beber, Vamos viver, Que no inferno Não há cerveja, Que seja eterno.

Era uma menina solitária e triste, Que sonhava em não sentir mais o ar da primavera. Vivia num mundo só seu, de pessoas sedentárias, Um mundo com regras próprias, Onde cada novo amigo era eliminado. “Não quero viver” Era um pensamento constante, Um pensamento que a fazia pensar que era insignificante. Essa menina triste, Estava algemada em seu próprio julgamento e presa na solidão. Em silencio, Ela se arranhava de raiva por ter nascido. Ela se arranhava mas ninguém percebia, e quem percebia não se importava. Até que um dia infernal, um belo sonho seu, um sonho monstruoso, Realizou-se na sua vida, e lhe fez fechar os olhos para sempre.

Querida amiga, Lembras daquele tempo, Onde tu eras aquela que eu mais confiava, A pessoa que mais me conhecia, A pessoa que estava sempre ao meu lado, Então, sinto saudades desse tempo. Eramos duas criaturas, Mas uma só amizade, Em meio de conflitos, Em meio de chamadas até altas horas, Em meio dos grandes amores de verão, Em meio de risos e de choros em vão, Em meio de saídas escondidas. Nós divertimos bastante, Vencemos batalhas, Vivemos momentos tristes, e aproveitamos os momentos tristes e transformamos em momentos de reflexão. Mas daí, encontraste outras amigas, E eu fui esquecida, fui trocada. Mas em vez de eu correr atras, Fiquei parada, E a sua amizade desmoronou, Em pedaços de tristezas. Lamento bastante por tudo isso, A culpa não foi só sua, Ela foi minha também, Porque deixei aquilo que me fazia feliz. Desisti da nossa amizade. E lamento de tudo, Lamento de não ter feito nada, Lamento mais ainda do dia em que te vi e esqueci De te cumprimen...

O teu sorriso, De que é feito ele? Pequenos desejos ou bonitas lembranças, Será que é feito de pecado ou de medo? Ou terá o dom do encanto? Será que é uma caixa de tesouros? Ou esperança atrás da tempestade? Será que transmite palavras duras ou semeia arco-íris? O que tens dentro dele? Pura ternura ou força da natureza, Sentimentos inocentes ou talvez, loucuras integrantes? Só sei que eles, Excita o meu coração, e magoa a minha tristeza. Respostas quem me dá? Sobre o teu sorriso só sei que me traz confiança, alegria pois encontro a glória de uma conquista e uma aliança para vida toda.

Um copo de vodka, Para um coração que sofre por um amor Um copo de vodka, Para assistir à destruição do lado esquerdo de um peito amassado. Um copo de vodka, Para esquecer momentos felizes, Um copo de vodka, Para que a frustração seja só um passatempo. Um copo de vodka, Para aquela que foi traída e deixada sozinha no meio da noite. Um copo de vodka, Para aquela que ficou cega de amor, Um copo de vodka, para um amor desprezado. Um simples copo de vodka, Para uma mulher que não teve os seus desejos realizados, Um simples copo de vodka, Para que, de dose em dose, As desilusões sejam esquecidas, Um simples copo de vodka, Para o esquecimento divino, Só um copo de vodka, por favor, Para uma mulher que quer esquecer do passado, E livrar-se de um futuro planeado.

Houve uma sucessão de turbulência e bonança, Uma sucessão de vem e vai dentro de mim, Uma sucessão de desejos, Uma sucessão de erupções florescentes. Lá fora ouvem-se o latido dos cães mas aqui dentro só se ouve gemidos de paixão Ouve-se gritos: De prazer, dor e alegria. Gritos de amargura entre delírios de fogo. Ai como existe adrenalina nos teus lábios. Ali dentro houve segredos e entregas Silêncio de cérebro e risos entre olhares. Ainda lembro dos dedos tocando nas teclas do meu peito. Causando explosão na minha privacidade. Eles desceram inquietos para o jardim do desejo, Procurando uma bebida com leite condessando e mel de abelha. E aí dentro os seus lábios e língua sufocaram a força do meu interior, Batendo em ondas de carinho. Pele com pele, Sente-se a essência, A essência do mais puro e real prazer, Que nos arrebata e faz delirar, Voar mesmo sem ter asas. O corpo tronou-se um livro aberto, Onde a boca diz “Sou tua”, E o coração explode d...

Foi amor,  Em cada passo, Em cada momento, Em cada sorriso, Em cada olhar. Foi um amor, Inesquecível e inocente intenso de carinho e sentimento. Foi uma descoberta de um amor Encontrado num paraíso no meio de caos. As memórias vêm na minha mente como se tudo tivesse acontecido, ontem. As memórias vêm por acaso como se a obra do nosso amor ainda mantem. Lembro das conversas longas Lembro do seu sorriso Lembro do primeiro beijo Lembro quando me disseste que eu era o teu mundo. As tardes ao Sol, As noites vendo estrelas cometendo loucuras, As minhas saídas escondidas para te ver me trazem sorrisos ao serem recordadas. Tudo era bom, Mas no fim só restou lembranças do que concordamos que a nossa história Deveria acabar!

Podes ir, vai-te embora que o meu castigo há-de-ser ciúme de ver-te amado por quem te ama. Vou ter remorso de te perder para sempre, Vai longe embora agora sou capaz de te amar. Eu sem alma cometendo em cada beijo um crime. Por isso, vai-te embora fecha a porta e corre atrás da tua felicidade. Perdoar-me tu? Não mereço Para sempre aos meus olhos não virão o claro Do teu amor. Me perdoe, se não te amei mas agora vai embora, Deixa-me só.

Um dia andei ruas e estradas becos e corredores. Um dia corri para chegar presente para resolver problemas Sofri várias vezes mas percebi que tinha de saber o que é a dor mesmo no claro do Sol mesmo em noite de Lua cheia. Para cada segundo que Deus me deu eu tentei corrigir meus erros. Usei cada instante, Para mover meus sonhos e desejos e fechei os olhos para observar o futuro. Corri várias vezes e cansei mas não desisti de lutar, Pois ainda que tudo esteja murchado podemos sonhar. Em cada momento mesmo em caminhos imundos realizei sonhos. Mas se não fosse assim? Mas se eu não fosse à busca do desenvolvimento em cada sentimento. Imagina se não criasse em cada momento Imagina se não aprendesse a lidar com a distância. Sofri para ser assim, Mas em cada dificuldade uma medalha em cada vitória uma consequência em cada hora um conhecimento do que é ser gente. Imagina se não recriasse as memórias Lembrar do dom da vida e dar espaço às alegri...

Do outro lado das grades, vejo terra árida,                   Crianças famintas, Gente com drama da chuva que não cai na terra amada.                  Choros cantados nas mornas da minha gente. A esperança é o caminho na travessia da luta. Do outro lado das grades, vejo um “kretxeu” amarrado,                  Por um amor sofrido, triste e inesquecível. Escondendo em cada nota de violão,                  Um sentimento não conhecido. Do outro lado das grades, vejo um bêbado                  Que cai na calçada da rua, Vencido pelo forte grogue da D.Ana. Do outro ...

Finalmente, a noite chegou, Somos só nós dois, em um universo mágico e só nosso. Na cama sinto a tua respiração no meu rosto, as tuas mãos passeando no meu corpo. Tua boca aproxima-se da minha com desejo, com amor, com carinho. Formamos apenas gestos, nada de palavras Quando dois corpos se juntam, um instinto compreende o outro. Os olhos transmitem desejos, emitidos na respiração A boca sussurrando palavras comprometedoras. Uma intensa sensação de prazer em uma noite, Dentro de uma constelação.

Menino cabo-verdiano de sorriso meigo que me lembra a inocência da minha infância Menino cabo-verdiano com o teu cabelo escuro que me lembra a escuridão da noite Em cada palavra tua o meu universo desmonta de felicidade. Em cada qualidade tua o nosso eclipse mostra o vigor do amor Onde teus passos surgem meus vôos espaciais viajam até te encontrar e partir na volta do teu coração A nossa igualdade faz o meteorito do prazer bater na porta dos astros mais longínquos O teu buraco negro é um verdadeira ameaça ao meu planeta E as tuas estrelas têm brilho que os meus olhos não podem ver mas que o meu coração consegue sentir

Já perdoei erros quase imperdoáveis Tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis Já me decepcionei com pessoas Que nunca pensei que iriam me decepcionar  Mas também já decepcionei pessoas amadas Já abracei muitos para poder proteger-me Já chorei por amigos que nunca mais vi Amei um dia, e já fui amada Outras vezes, rejeitada Até já fui amada e não correspondi Já gritei pela felicidade e pulei para o sucesso Já fiz promessas eternas  e acabei por partir o coração! Já chorei a ouvir música e a contemplar fotos Já me apaixonei por um sorriso e um olhar Até já pensei em morrer por saudade e tive medo de perder quem, um certo dia, cá esteve Mas, apesar de tudo, vivi e continuo a viver E digo "viva"  Porque devemos ir à luta com determinação e abraçar a vida com paixão